Escassez de água potável: como ter água de reuso em casa!
Oiie gente, seguiremos com os artigos inspirados no livro do André Trigueiro, Cidades e Soluções. Hoje o tema será ÁGUA!!! Sabemos que água de boa qualidade já desapareceu dos rios que atravessam todas as regiões metropolitanas do Brasil.
O país campeão mundial de água doce (12% de toda água superficial de rio estão em nosso país, além dos aquíferos Guarani e Amazônico) destrói nascentes e mananciais, dizima as matas ciliares que protegem as margens dos rios, e lança aproximadamente 5.000 piscinas olímpicas de esgoto in natura todos os dias nos rios, lagos, lagoas e em nosso litoral*
Alguns lugares como a Califórnia, tem sido pioneiros no incentivo à economia de água, e sistema de irrigação por gotejamento nas casas. Em outros lugares do mundo como Cingapura, Namíbia, entre outros, além dos EUA, já se está tratando água proveniente de esgoto e sendo consumidas. Muitas vezes essas águas tratadas são misturadas com águas potáveis de lençóis freáticos de forma a impedir a manifestação de consumidores mais críticos. Reduziu-se dessa forma os custos com transporte dessa água e com a construção de usinas de dessalinização (muito mais caras).
Outra questão que vemos crescendo é que a tecnologia da dessalinização, principalmente em países onde a escassez de recursos hídricos causa prejuízos para a economia e gera instabilidade social. É o caso de Israel, por exemplo. Foram eles que desenvolveram a técnica de gotejamento, reduzindo ao mínimo necessário o consumo de água nas lavouras.
Essa solução, posteriormente, permitiu que cidades como Petrolina, Pernambuco, se transformassem em um dos maiores polos de exportação de manga e uva. Outra técnica que foi desenvolvida e contribuiu muito com a redução de consumo de água foi a microaspersão, que inclusive traz a vantagem de se inserir nutrientes extras na água (fertirrigação) que melhoram a qualidade das plantas.
APLICANDO NA SUA CASA:
Como a grande São Paulo possui o pior déficit hídrico per capita do Brasil (menor disponibilidade de água por habitante), inserir formas de diminuir desperdício, tratamento de esgoto e reinserção da água tratada na cadeia, entre outras medidas são urgentes. O aproveitamento da água de chuva já tem se visto nas cidades e casas mais conscientes. E existe também outra vantagem em aproveitar a água da chuva, pois ela acaba por reduzir os riscos de enchentes para a cidade, quanto maior o volume de água de chuva coletado pelas edificações, menor o risco de inundações e alagamentos, portanto, deveria ser pensado como política pública.
Sabemos que os maiores impactos da escassez de água potável são ocasionados por fábricas e indústrias. Em nossas casas há algumas medidas que podem ser tomadas, como utilizar sistemas de descargas que gastem menos água. As válvulas mais recentes utilizam 3 a 6 litros, o que gera uma economia média de 30 litros por dia por pessoa. Reutilizar a água de 2 a 3 vezes, como por exemplo lavar legumes em bacias para depois utilizar na rega do jardim, entre outras ações.
Existe a Norma Técnica Brasileira ABNT/NBR 15.527/2007 que normatiza o uso e aproveitamento da água das chuvas. Dessa forma, já muito tem se avançado nesse aspecto.
O sistema funciona com a água que é captada das calhas das casas, é conduzida até um pré-filtro, que retém a sujeira bruta — como folhas, fuligem, galhos e dejetos (como fezes de animais). Posteriormente, ela é enviada para o reservatório, onde passa por um filtro para a separação de partículas mais finas. Depois, é feita a cloração. As principais vantagens são o baixo custo de investimento, ainda mais se for implementada no momento da construção da casa, e o baixo custo de manutenção e operação do sistema.
Por fim…
Não tem como se falar desse tema sem lembrar do dia 5 de novembro de 2015, que houve o rompimento de uma barragem da mineradora Samarco (controlada pela Vale e pela anglo-australiana BHP Billiton) que varreu do mapa o distrito de Bento Rodrigues, causando 19 mortes. Foi jogado lama quente e fétida de rejeitos de minério de ferro, destruindo a bacia do rio Doce. Foi a MAIOR TRAGÉDIA AMBIENTAL DO BRASIL e o MAIOR VAZAMENTO DE REJEITOS MINERAIS DO MUNDO! Responsável por devastar matas ciliares, provocou a suspensão do abastecimento de água em vários municípios e impactou fortemente a pesca e o turismo. Cerca de 3 milhões de pessoas foram atingidas de forma direta ou indireta.
Todo esse tempo depois da tragédia, os impactos ainda não são totalmente conhecidos. Sabe-se que, por exemplo, se elevou a carga de metais pesados no mar, a lama impediu a passagem solar até o leito marinho e se depositou no fundo do mar, impactando outras espécies que vivem (ou viviam) por lá.
*Dados retirados do livro: Trigueiro, A. Cidades e soluções. Leya, 2017.