Você sabe qual o significado de direito à cidade?
Ter um olhar mais amplo sobre nossos direitos, sobre os conflitos, e até mesmo sobre a cidade, pode nos ajudar a entender diversos processos que acontecem na sociedade que afetam diretamente o nosso dia a dia, e muitas vezes nem nos damos conta. Comumente pensamos nos nossos direitos enquanto pessoa: liberdade, expressão, direito de trabalhar, estudar… mas já pensou como isso também se expressa fisicamente na cidade?
Sabemos que perante a lei temos os mesmos direitos, mas nem todos conseguimos usufruir de todos eles, e muitas vezes isso está diretamente relacionado na forma como a cidade foi construída e distribuída. A quantidade de escolas, parques, trabalhos para o número de habitantes em cada região de uma cidade é completamente diferente. Via de regra no Brasil, áreas centrais concentram mais serviços e facilidades do que áreas mais periféricas, e isso é um ponto importante para refletir quando pensamos quem tem condições de morar nas áreas centrais. Para além disso, é preciso que todos consigam chegar nestes espaços, com a menor quantidade de tempo, dinheiro e seguros.
É sobre isso que estamos falando quando dizemos direito à cidade*, é para além da construção de espaços (escolas, casas, parques, ruas), mas também sobre a ideia de que todos deveriam poder acessá-los e transitar-los com segurança, sem precisar se preocupar se terão dinheiro para pagar um ônibus para ir à escola ou trabalho, ou se chegarão seguros e com vida ao seu destino.
A cidade, coloca as ideias, direitos no plano tangível, torna físico os privilégios e problemas de cada parte da população. É na cidade, na rua, em praças, nas casas onde tudo se torna possível ou inalcançável, onde os conflitos se colocam, onde se aproximam ou distanciam pessoas e grupos. Os espaços são mais do que objetos estáticos, são uma expressão de nossa sociedade em grandes ou pequenas esferas, do indivíduo ao coletivo. Ter direito à cidade é poder ter uma vida cidadã plena, poder desfrutar de todas as possibilidades e encontros sem restrições ou medo.
*esse termo não fomos nós que inventamos! vamos deixar aqui o título de um livro bem legal, que talvez muitos já conheçam, pra quem quiser se aprofundar.
Lefebvre, Henri. O Direito à cidade.